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A física e astrônoma linense, Isabele Souza Vitório, de 24 anos, embarca no próximo dia 12 para ingressar no Programa PhD de Física da Universidade de Michigan (EUA). Filha do casal Cristiane dos Santos de Souza e Aparecido Vitório, que residem no Alto da Boa Vista, Isabele conta que aos quatro anos mudou para o Amazonas com a família e lá se apaixonou por naturezas, nascendo a partir de então o seu interesse pela astronomia. “Quando estava no ensino médio, comecei a me engajar em olimpíadas científicas, física, biologia, astronomia etc. A participação em olimpíadas científicas me ajudou a conseguir uma bolsa na Universidade da Minerva, em São Francisco, na Califórnia. Lá estudei física e ciência da computação, e fiz semestres na Coreia do Sul, Índia, e Inglaterra, além dos Estados Unidos. Tive oportunidades únicas de trabalhar com ciência e entender como a ciência é feita nesses países, além de conhecer cientistas muito bons. Formei-me em 2022. Essa experiência me ajudou a ser a primeira pessoa internacional na minha posição de estagiária no Departamento de Altas Energias do Argonne National Laboratory (um departamento de energia) e o primeiro laboratório nacional dos EUA (fundado em 1946). Trabalhei por lá por dois anos com supercomputadores, fazendo simulações do universo e de galáxias, estudando cosmologia e tentando entender o que é matéria escura. Essa foi uma experiência única e me ajudou a entrar no Programa de PhD de Física na Universidade de Michigan, no qual começarei este mês, embarco no dia 12”.
Isabele salienta que fazer ciência é tentar descobrir mais sobre o mundo, mas lembra que nem tudo são flores. “Tem que ter bastante paciência e resiliência porque as vezes algum experimento não dá certo. Ser uma mulher negra também implica em desafios. Já sofri racismo e misoginia, muitos físicos são homens brancos. Quase sempre, quando falo que sou física, respondem que eu ‘não tenho cara’. Eu quero muito poder inspirar outras pessoas, especialmente meninas negras, a fazerem ciência e mostrar que há lugar para todos. Por isso, em 2019, fundei o STEM para as Minas, onde, com outras voluntárias, compartilho oportunidades em STEM (ciência, tecnologia, engenharia e matemática). Oferecemos mentorias em pesquisa (a gente une uma cientista com uma garota) ou hack mundo, um hackathon de um mês no qual ensinamos a fazer um aplicativo – com essa ferramenta um time acabou ganhando uma competição mundial (technovation challenge). Acho que ser parte de comunidades assim me ajudou a continuar. Claro que também tenho inspirações nacionais, como a Sonia Guimarães, professora do ITA (Instituto Tecnológico) e a primeira mulher negra a receber PhD de física no Brasil.